Antigamente, existiam milhares de moinhos de água em Portugal. Estes moinhos representam um potencial energético local significativo, que pode ser aproveitado para produzir electricidade de forma sustentável, com um retorno do investimento estimado entre 5% e 12%.
Este estudo apresenta questões técnicas e recomendações para avaliar a viabilidade da adaptação de um moinho para geração de energia.
O sistema será projectado para operar no regime de microprodução para autoconsumo, ligado à rede pública. Será equipado com um contador bidireccional, permitindo que o excedente da energia gerada seja injectado na rede e remunerado.
A instalação e operação da micro-hídrica seguirão a legislação em vigor, conforme detalhado no site da Renováveis na Hora.
Espera-se que o açude e a levada estejam em condições razoáveis, necessitando apenas de pequenas reparações.
Para avaliar a capacidade da levada, recomenda-se a medição do caudal. Um estudo prévio das disponibilidades hídricas apresentou os seguintes resultados:
A queda bruta foi medida entre o nível final da levada e o rodízio, totalizando 4 metros.
A queda útil leva em consideração perdas no sistema:
Resultado: A queda útil efectiva é 3,71 metros.
Para garantir a viabilidade económica, a turbina escolhida deve ser simples e eficiente. As opções incluem Pelton, Turgo, Cross-flow e a Roda de água de tipo Cross-flow de eixo vertical.
Com base no caudal e queda disponíveis, a escolha mais adequada é a Turbina Cross-flow.
Resultados:
O gerador mais adequado para este tipo de instalação é um motor eléctrico assíncrono a operar em modo de gerador.
Modelo escolhido:
Resultado: A velocidade ideal do gerador é 1560 rpm.
A potência no veio da turbina é de 5,68 kW (5680 W), com uma velocidade de rotação de 295 rpm, enquanto o gerador opera a 1560 rpm. Para conectar ambos os elementos de forma eficiente, será utilizada uma transmissão por correia V-belt, garantindo um ajuste adequado da velocidade sem perdas excessivas de potência.
A relação de transmissão é determinada pela fórmula:
Rt = ngerador / nturbina
Onde:
Rt = 1560 / 295 = 5,29
Dado que a relação de transmissão é 5,29, a solução adoptada será uma transmissão de um único nível. Para isso, podem ser seleccionadas polias normalizadas com os seguintes diâmetros:
O sistema de transmissão deve ser correctamente tensionado para evitar deslizamentos, garantindo eficiência e durabilidade da correia.
Após as perdas mecânicas no sistema de transmissão, a potência útil na saída pode ser estimada. Assumindo um rendimento típico de 95% para um sistema bem ajustado, a potência transmitida será:
Ptr = Pturb × ηtransmissao
Onde:
Ptr = 5,68 × 0,95 = 5,40 kW
A potência eléctrica gerada é calculada pela equação:
Pger = Ptr × ηger
Onde:
Pger = 5,40 × 0,868 = 4,69 kW
Desta forma, o gerador entregará 4,69 kW à rede.
O gerador escolhido tem uma potência nominal de 4 kW, pelo que, à plena potência, estará sobrecarregado em 17%:
4,69 / 4 = 1,17 (17% de sobrecarga)
Os motores/geradores assíncronos suportam bem sobrecargas até 10%, e podem operar com até 20% se estiverem bem refrigerados. Assim, este nível de sobrecarga é aceitável para o sistema.
O sistema opera de forma simples e automática, sem necessidade de controlo de velocidade, tensão ou sincronização.
A adaptação de um moinho para geração eléctrica é uma solução viável, eficiente e sustentável. Com um investimento relativamente baixo, é possível garantir:
Este estudo fornece uma base técnica sólida para a implementação do projecto. Se precisar de mais informações ou dos desenhos técnicos da turbina, entre em contacto.
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