Tenho conhecimento de vários aproveitamentos, onde foram cometidos erros desnecessários, fruto do optimismo injustificado,
da falta de experiência ou simplesmente da incapacidade de aceitar opinião de pessoas com experiência no ramo. Consequência destes
erros foi diminuição da produção e dos proveitos espectáveis...
Para evitar um desfecho desagradável é aconselhável seguir certas regras e evitar errar.
Os erros mais frequentes são:
- queda líquida mal calculada
... é o erro mais frequente, sobretudo nos aproveitamentos de baixa queda.
É preciso contar com curvas de vazão tanto na captação como na restituição e calcular a queda líquida média.
Uma turbina calculada, por exemplo, para trabalhar numa queda líquida de 3 m não terá proporcionalmente menor potência numa queda de 2 m,
porque estará trabalhar não só com caudal menor, como completamente fora da velocidade adequada e da zona do melhor rendimento.
Conheço um aproveitamento no rio Vouga, projectado para potência de 200 kW, que tem potência máxima....... de 60 kW.
O aproveitamento foi projectado para uma queda maior que não foi conseguida...
O problema poderia ser parcialmente corrigido com alteração da transmissão, colocando a turbina na sua zona do melhor rendimento e velocidade.
Um exemplo:
equipamento (turbina Kaplan + gerador) projectado para queda líquida de 3 m, caudal de 8.3 m3/s, velocidade (do gerador) de 750 rpm e potência de 200 kW
terá numa queda líquida de 2 m, um caudal de 6.8 m3/s, velocidade (do gerador) de 612 rpm e potência de 109 kW.
Por isso para optimizar equipamento para novas condições terá de ser alterada a razão da transmissão e substituído gerador por um de potência adequada.
- caudal do projecto mal escolhido
... mais um erro desnecessário. Alguns investidores deixam-se convencer por vendedores dos equipamentos que maior potência resulta na maior produção.
Nada mais errado. Maior potência (=maior caudal turbinado) tem como consequência a paragem precoce do aproveitamento por falta de água.
Uma turbina tem caudal máximo e mínimo turbinável. Quando o mínimo é muito alto, desperdício também o é.
- gerador mal dimensionado
... com potência excessiva, o gerador tem baixo rendimento em potência parcial e daí resultam perdas desnecessárias. Por isso a escolha do gerador tem de ter em
consideração a potência da turbina e o regime de exploração.
- concepção inadequada do aproveitamento
... a concepção escolhida deve ser adequada à finalidade do aproveitamento e às condições do local de implantação. Uma micro-hídrica com alternador, para carregar
baterias de armazenamento de energia (por exemplo com inversor híbrido), é diferente de uma mini-hídrica ligada à rede pública. Por isso uma simples diminuição da escala
de certeza que não dá um bom resultado.
- constrangimentos no perfil hidráulico
... o circuito hidráulico tem de ser cuidadosamente calculado e construído. Qualquer transição brusca ou constrangimento resultará em perdas de carga e consequente
diminuição da potência.
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Um exemplo:
equipamento (turbina Kaplan + gerador) projectado para queda líquida de 3 m, caudal de 8.3 m3/s, velocidade (do gerador) de 750 rpm e potência de 200 kW terá numa queda líquida de 2 m, um caudal de 6.8 m3/s, velocidade (do gerador) de 612 rpm e potência de 109 kW. Por isso para optimizar equipamento para novas condições terá de ser alterada a razão da transmissão e substituído gerador por um de potência adequada.